6.19.2009

Improviso onírico

Tenho lembrado muito dos meus sonhos, pela manhã. Nós sonhamos todos os dias, não sei se vocês sabem, e às vezes nos lembramos, às vezes, não. Eu venho anotando muitos sonhos, mas ainda não sei se vou escrever outro livro como Puro enquanto. Ao menos para não perder a prática, fiz um improviso com o sonho de ontem.

Foi com a Lucila, que não é exatamente minha namorada, é com quem eu tenho saído nos últimos tempos. Eu falava com ela, meio ansioso, sobre minha visão sobre arte, até cansar. De repente, ela me pede que eu lhe faça uma música. Me sinto meio contrariado, pois não tenho talento pra isso. Eu tento beijá-la, mas ela sorri e desvia o rosto, não consente até que eu atenda o pedido.

Essa é a descrição narrativa do sonho, mas quem disse que os sonhos cabem em uma narrativa linear?



Lucila, luciluzente, não quer mais saber de morte ou de Marte. Ela quer Dionísio, quer música, quer dlin-dlon-dlin. Ela se dá musa, toda-toda, mas se sou surdo, não me beija. Não queixo – certa ela, dona das ondas.

E quando a gente fica junto, co-pulando na cama, na sanha – é o que pergunto – não são os ritmos? Da fúria aos furos, como quem come, sssorvendo os poros, lambendo os pelos? Melodia malícia, Lulu. Dionísio sodomiza Afrodite; quem não vê beleza que vade reto.

2 comments:

Ivan Hegen said...

Obs: a primeira coisa que a Lucila falou, assim que leu o poema: "Você é meio doidinho, né?" Eu tive que dizer que sim.

filosonia said...

http://anoitan.wordpress.com/2009/06/02/sonhodainsonia/