9.25.2006

Gaia

Às vezes sinto como se meu pau
fosse do tamanho de um continente
e sem me queimar eu pudesse
abraçar o planeta
penetrar

o centro quente

Então sei o quanto quero este suor
de corpo bem perto
tão junto que me adentre
Como se fosses a própria Gaia
de louca magia extensa

Respire fundo, agora
eu te ensino
a sentir

cada veia como um rio
cada pêlo como vida
cada gemido um furacão

Nada mais quero na terra
do que teus tremores
teus morros, mares e amores
Lamber o sal de teus desertos
Vencer o frio de tuas geleiras
Prolongar-me em tuas florestas
E invadir-te subterrâneo

Venha mais perto
Venha magma vibrante fervente
Venha selva de desejos que transpire
Venha rajada de vento e maré alta
que com lampejos de paixão me arruíne

Ninguém mais do que eu
é o altivo conquistador exilado
que anseia como ao mundo
pela graciosa tempestade
caindo de mim sobre teu colo

E o tremor vulcânico

de teus espasmos



Ivan Hegenberg, 2005.

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