9.11.2007

Bush e Bin


Mais um 11 de setembro, procurem não ficar com medo.
Bush de um lado, terroristas do outro, e no fundo eu só queria morar num mundo em que o mais importante fosse a imaginação. Infelizmente não é. A guerra física não é a mais interessante nem a mais gloriosa, mas como convencer a quem só tem talento para oprimir? E como ignorar tudo isso, se a cada tiro que ressoa os poemas mais belos parecem um tanto mais frágeis, insuficientes?
Não há moral na história, nunca houve, não esperem que comece a haver agora. O chato é que ninguém aprende nada. Em Nova York vão erguer um prédio ainda maior do que o das torres destruídas, apenas para que o ódio estimulado ganhe alguns andares. Da parte de Bin Laden, temos a "singela" declaração de que os Estados Unidos podem se ver livres do terrorismo caso se convertam ao islamismo. É verdade que os fanatismos se parecem muito entre si, mas não vejo as pessoas trocarem um pelo outro com tanta facilidade.
Ainda assim, dos dois, acho Bin Laden o mais inteligente. O que não é difícil, dado que esta humilhação a gente tem que engolir: o homem mais poderoso do mundo no momento, aquele que chefia a White House, tem o Q.I. do Forrest Gump. A competição ficou mesmo fácil para o árabe, mas acho que qualquer um que tenha assistido "Na trilha de Bin Laden", documentário transmitido essa semana na GNT, percebeu que aquele sujeito esquisito não entrou para a história à toa. Há décadas ele vem elaborando estratégias, discursos e alianças com uma habilidade surpreendente.
Não acredito muito na versão Michael Moore de que o árabe e o americano são parceiros de crime, de que tudo é um grande show, de que eles fazem a festa juntos para depois dividir os lucros. Acho que até poderia ser uma hipótese coerente - ou seja, Bush e sua equipe se importam tão pouco com o próprio país que são capazes de tudo, mesmo atrocidades inolvidáveis, já que gerar pânico é maneira garantida de movimentar deliciosos dólares bélicos. Seria no mínimo plausível, caso o Pentágono não tivesse sido atingido. Teorias conspiratórias fazem sucesso, e Bush, psicopata como é, até poderia achar divertido derrubar dois grandes prédios antes de construir um maior, mas não faz sentido algum incluir a sede da inteligência militar. Por mais que ele ligue muito pouco para a inteligência de modo geral, não o imagino dando um tiro no próprio pé.
Aliás, precisamos mesmo de teorias conspiratórias desse nível? Não vejo necessidade alguma de exageros para se constatar a amplitude da ardileza. Alguns atos terroristas são menos lucrativos do que outros e eventualmente abalam o mercado, mas nem por isso deixamos de notar que a globalização projeta sombra por toda parte. O objetivo principal tem sido alcançado em escala planetária, tanto no ocidente como no oriente, e tanto na jihad quanto no american way of life: implantou-se a idéia de que a vida não é moeda de grande valor. Alguns vivem tão-somente em favor do dinheiro, outros morrem contra os valores de uns. E os sobreviventes que se sintam bem-aventurados, já que essa lógica não tem prazo determinado para expirar.

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