Engraçado ver a notícia anunciada justo na Mônica Bergamo, pois não se trata de arte, mas de colunismo social mesmo. Alpinismo, holofote, vernisage, drinkzinho. Eu cantei a bola dois anos atrás: os pichadores se encaixam tão bem na atual mentalidade de arte contemporânea que poderiam ser cooptados numa boa. Não há uma distância muito grande entre os ataques de Rafael Augustaitis e a antiarte das últimas cinco décadas. O que ocorre é uma espécie de ultimato: ou se desiste de muito do que foi pensado nas universidades a respeito da antiarte, ou se endossa qualquer ataque à arte como vanguarda. O movimento inercial tem sido o da subtração, mais que da criação, e Rafael se valeu dessa brecha desde que começou.
Se ao menos esses caras pichassem mais as casas dos políticos ou propagassem mensagens como Maio de 68, eu poderia considerá-los, se não grandes artistas, ao menos terroristas poéticos. Eu já fiz isso - eu, cujo background de infância, comparado com o deles, é o de um filhinho de papai - por que não esses maloqueiros tão destemidos? Está provado que eles, assim como boa parte dos artistas "engajados" atuais, querem mais é aparecer, em detrimento de quem faz arte de verdade.
Contra a corrente sou eu. Por mim, as instituições podem considerá-los revolucionários - eu estou cada vez mais orgulhoso de seguir meu caminho sem tanta ansiedade pelo sucesso. E nem tenho um discurso anti-sucesso, como supostamente eles têm. Mas, do mesmo jeito que eu sabia dois anos atrás que eles poderiam escalar e ser cooptados, eu sabia também que meu caminho podia me deixar um tanto à margem. Ok, meus livros estão no mercado, tenho artigos na DASArtes, aceitei bolsa, mas corro meus riscos, e não me vendo sem um mínimo de coerência. E, isso eu tenho sentido na pele, especialmente estes dias: é muito, mas muito mais fácil engolir um Pixabomb do que um Ivan Hegenberg - por uma questão de densidade.
Se ao menos esses caras pichassem mais as casas dos políticos ou propagassem mensagens como Maio de 68, eu poderia considerá-los, se não grandes artistas, ao menos terroristas poéticos. Eu já fiz isso - eu, cujo background de infância, comparado com o deles, é o de um filhinho de papai - por que não esses maloqueiros tão destemidos? Está provado que eles, assim como boa parte dos artistas "engajados" atuais, querem mais é aparecer, em detrimento de quem faz arte de verdade.
Contra a corrente sou eu. Por mim, as instituições podem considerá-los revolucionários - eu estou cada vez mais orgulhoso de seguir meu caminho sem tanta ansiedade pelo sucesso. E nem tenho um discurso anti-sucesso, como supostamente eles têm. Mas, do mesmo jeito que eu sabia dois anos atrás que eles poderiam escalar e ser cooptados, eu sabia também que meu caminho podia me deixar um tanto à margem. Ok, meus livros estão no mercado, tenho artigos na DASArtes, aceitei bolsa, mas corro meus riscos, e não me vendo sem um mínimo de coerência. E, isso eu tenho sentido na pele, especialmente estes dias: é muito, mas muito mais fácil engolir um Pixabomb do que um Ivan Hegenberg - por uma questão de densidade.
3 comments:
É, Cahoni, meu caro,
quem se contenta com discursos, que sintonize na TV Senado.
Abraços
ler todo o blog, muito bom
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